Oito horas da noite de uma terça-feira, ele recebeu a notícia. Ouvindo atentamente, tentava assimilar as palavras que podiam mudar para sempre a vida. Num momento de fraqueza, a pessoa que antes lhe era confiável, agora tem ares de megera malvada, de monstro do armário, de bicho-papão.
Que o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas ele nunca achou que seria vítima dos próprios erros ou, principalmente, do erro dos outros. Num ato de desespero, desliga o telefone, se encolhe na cama, sofre em silêncio. As paredes parecem ser as únicas a contemplar a dor. O vazio do quarto se espalha aos órgãos do corpo frio, que já não responde mais pelos estímulos.
As lágrimas não caem. Cismam em secar antes mesmo de se espalharem pelo rosto, atônito. Não, na verdade ele queria escapar da dor que a notícia o fazia sentir. Levantar o rosto, seguir em frente, lavar a alma e tentar esquecer, deixar para trás.
Impossível.
Sabendo que os sentimentos verdadeiros sempre estarão ali e que as lembranças, como um fantasma, virão atormentá-lo pela noite, sentiu-se no direito de fugir. Pulou do andar mais alto dos prédios, cortou os laços que achava antes inseparáveis e viveu. Sobreviveu. Continuou. Foi exemplo.
As vezes, eu queria ser ele.
2 comentários:
[...]cortou os laços que achava antes inseparáveis e viveu. Sobreviveu. Continuou. Foi exemplo.
Também queria ser ele...
Adorei, Gui! Você já conhece o http://donamarciasilva.blogspot.com/? Se gostar será um prazer tê-lo como seguidor.
Beeeijos.
[e que ousemos ser 'ele'!]
G-zus... medo até de perguntar... Saudade de ti, guri, e vê se posta mais (olha quem está falando...). Beijo.
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