sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Rotina

Isabela seguia a rotina como os ponteiros do relógio. Passava pelos mesmos lugares, realizava os mesmos atos, pensava nas mesmas coisas e voltava ao mesmo lugar. Nesse marasmo, nada prendia a atenção da jovem que, aos 19 anos, preocupava-se somente com a própria vida. Um dia, em plena aula, Isabela notou a presença do novo aluno. Cabisbaixo, Roberto anotava cada palavra dita pela professora. Algo bem estranho, levando em consideração o clima universitário propício para festas, bebidas e a descoberta do sexo casual que, claro, ela nunca tinha experimentado.

Aos poucos, Isabela e Roberto foram se aproximando. Música, cinema, política. Qual o professor mais chato, as disciplinas inúteis na prática, tudo virava assunto e ao mesmo tempo flerte. Um visitou a casa do outro, familiares foram apresentados, uma mãe boba animou-se na esperança de que seria aquele o jovem que libertaria a menina/mulher do encanto da rotina.

Três meses de amizade, nada avançava. Roberto não tomava a atitude esperada. Isabela também continuava com os mesmo gestos frágeis. Um dia, decidam justos desbravar uma cidade nova. Um domingo para olhar um diferente horizonte, respirar novos ares. Viagem simples, apenas um dia e de ônibus. Ali, eles tentavam nem se lembrar do desejo antigo de alimentar uma paixão.

Na companhia do sol, tiveram a chance de contemplar uma imagem paradisíaca enquanto a brisa movimentava calmamente o mar.

Na volta, cansada, Isabela deitou levemente a cabeça no ombro de Roberto.

E assim, depois da longa espera, o desejo de ambos tornou-se realidade.

Nenhum comentário: