quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mudanças

Faz apenas três meses que saí de Tubarão. E o tempo passa rápido, mesmo que os amigos digam o contrário. Por isso quando soube que pai e mãe passariam comigo quatro dias em Dublin foi, sem dúvida, uma ótima e alegre notícia.

Chegada a data, mal pude segurar a ansiedade de vê-los. Peguei o duble deck bus e segui ao aeroporto com uma hora de antecedência. Pensava o que eles achariam da cidade, de minha nova casa, dos amigos, da escola, enfim, insegurança e saudade, tudo ao mesmo tempo.
O problema é que passou 10, 20, 30, 40 minutos do horário previsto e nada de dois passarem pelo portão de desembarque. Preocupado, fui conferir por oito vezes os horários, números de vôo e destinos.

De repente, lá estão eles. Daí pra frente foi cena de filme. Saí correndo e eles vieram em minha direção, larguei minha mochila e abracei fortemente minha mãe. Até lembrar de que, como dizia o aviso, não deveria deixar nenhuma bolsa solta sozinha no chão. A segurança do prédio pode “recolher o material e explodi-lo”, numa vibe paranóica pós-11 de setembro.

E foi tudo perfeito. A cidade, como eu já previa, foi aprovada com nota máxima. O mesmo aconteceu com os amigos, escola e casa. Um momento para que eles tivessem certeza de que só estou um pouco mais magro porque ando bastante e não dificuldade ou descuido.

Mesmo sabendo que a oportunidade é de ouro, quando eles deixaram o aeroporto de Dublin eu só pensava em ir embora. De volta pra minha cidade, pra minha casa, de acordar pela madrugada e ver o meu irmão dormindo (ele não pode vir o que aumenta ainda mais a saudade que sinto dele). Reencontrar os amigos e rever os lugares que antes me eram comuns.

E só depois disso que pensei em como tudo mudará. De como o tempo passa, dos amigos que poderão trocar de cidade, dos gostos, sabores, cheiros e imagens. O modo de pensar, de ver o mundo, pessoas, situações.

E isso gera medo, mas não o bastante para que eu me arrependa ou para que eu volte ao lugar seguro. Quero desafios. Coisas novas. Está no sangue e na memória que pertence aos sonhos mais antigos.

Então percebi o quanto mudei. E pode ter certeza, isso é muito, muito bom.

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